sexta-feira, 1 de julho de 2011

VALORIZANDO A VIDA NA ÉTICA AMBIENTAL


O ser humano tem se apropriado dos recursos naturais ao longo da história, mas depois da Revolução Industrial ele passou a consumir mais do que necessitava, passando a agir de forma predatória em relação ao meio ambiente, não satisfeito em apenas consumir o que precisa, mas explorando de forma inconsequente os recursos naturais, não se importando com a capacidade de recuperação do meio ambiente.
Diante das alterações visíveis na natureza, cresceu a preocupação com o meio ambiente. “A Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, Suécia, entre os dias 05 a 16/06/1972”, pode ser considerada como pontapé inicial na busca por mais conscientização e conservação do meio ambiente.
A sociedade moderna está fundamentada no consumo. O homem moderno para fazer parte dela precisa ser um consumidor, caso contrario é marginalizado, essa premissa tem levado a exploração nunca antes imaginada, percebe-se rapidamente que os recursos antes abundantes não são mais facilmente encontrados.
Diante desse quadro faz-se necessário uma “reflexão ética sobre o que importa para a nossa sociedade, confrontando com que realmente deveriam ser tomados como valores”. 
A ética foi introduzida nessas discussões para servir de parâmetro na relação do ser humano com o meio ambiente. Nasceu aí a ética ambiental sendo necessária, pois a “conservação da vida humana é hoje compreendida como inserida na conservação da vida de todos os seres”.    
Desde os primórdios da humanidade o homem foi estabelecido como o “centro do universo”, senhor de todos os recursos naturais, dono de tudo, por isso nunca se importou com outros habitantes do nosso planeta.  As constantes discussões vem chama-lo a refletir sobre o seu papel no mundo, não como dono da natureza, mas como parte dela. 
Diante desse quadro nasceu o termo “Ecologia Profunda”, esse movimento proposto por Arne Naes, filosofo norueguês, visa “uma ética que trata da relação do homem com a terra, os animais e as plantas que nela vivem”. Os principais pontos da Ecologia Profunda são:
  • “Harmonia com a natureza”;
  • “Toda a natureza tem valor intrínseco”;
  • “Igualdade entre diferentes espécies”;
  • "Objetivos materiais a serviço de objetivos maiores de auto-realização”;
  • “Planeta Terra tem recursos limitados”;
  • “Tecnologia apropriada e ciência não dominante”;
  • “Consumindo o necessário e reciclando”;
  • “Bioregiões e reconhecimentos das tradições das minorias”.
 Muitos autores deram suas contribuições sobre esse tema, tamanho a sua importância, Albert Schweitzer acrescentou algo mais nessa discussão: “o respeito a vida”.
A vida não pode ser analisada do ponto de vista econômico, e sim do dos princípios éticos, do humano, “sou vida que quer viver e existo em meio à vida que quer viver”. O respeito à vida deve ser o pilar dessa nossa ética.
Deixando de lado o questionamento sobre “se esta ou aquela vida é digna de solidariedade”, deve-se reconhecer que “toda ela deve ser considerada sagrada”.
Peter Singer questiona essa ética dizendo que “a ética da ecologia profunda é incapaz de solucionar os questionamentos a respeito do valor intrínseco de seres vivos individuais”, afirmando ainda, que os seres vivos “só tenham valor por serem necessários à existência do todo, e o todo talvez só tenha valor porque sustenta a existência de seres conscientes”.
Tudo está ligando um ao outro, os efeitos causados pela destruição da natureza serão sentidos de alguma forma pelo homem. Preservar o meio ambiente é um ato de valorizar a vida, não apenas dos animais e plantas, mas principalmente da vida humana.