sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A água e o turismo em São José da Coroa Grande.


Na atividade turística a água é um dos recursos naturais mais importantes, enquanto elemento básico de inúmeros atrativos, como insumo indispensável. Para o litoral sul de Pernambuco ela é de vital importância.
Em São José da Coroa Grande-PE, a COMPESA não tem estrutura suficiente para atender toda a população residente, a água pode chegar nas torneiras pela manhã, tarde ou noite, o morador precisa ficar alerta para sua chegada.
Com a chegada do verão e o aumento da população flutuante, turistas, o consumo aumenta e consequentemente afeta o já irregular sistema de abastecimento. Para a população residente o verão não é sinônimo apenas de lucros, advindos da atividade turística, mas a época dos racionamentos, segundo Euhofa et al. 2001, “os turistas usam dez vezes mais água nas suas atividades diárias do que os habitantes locais”.
No município de São José da Coroa Grande é comum no verão ficar dias sem o abastecimento de água, e quando chega é por pouco tempo.
Além do aumento do consumo, deve-se levar em consideração também o desperdício de água, ele serve para agravar o já combalido abastecimento de água.
Empresas, condomínios e moradores com poder aquisitivo investem na exploração subterrânea da água, cisternas e caixas d’águas, mas a população pobre do município apenas fica a margem disso, restando apenas aguardar a sua chegada.
O aumento na capacidade de abastecimento no município não será suficiente para resolver o problema, a população residente e flutuante terá de mudar hábitos que contribuem para o desperdício.

A sustentabilidade no consumo de água não é uma opção, mas uma necessidade que deve ser almejada, caso nada seja feito  a população de São José da Coroa Grande continuará  no verão passando por racionamentos.

Procedimentos necessários:  
  • Levantamento da população residente e flutuante do município para planejamento do investimento em ampliação no sistema de abastecimento;
  • Levantar a capacidade de abastecimento da COMPESA, é necessário saber o quanto de água tratada pode ser oferecida a população, dessa forma poderá gerir melhor o sistema;
  • Identificar onde acontecem perdas da água tratada, não adianta ampliação do sistema de abastecimento se houve perdas na distribuição dela;
  • Identificar as ligações clandestinas, pois o abastecimento de água precisa gerar lucros para a empresa;
  • Campanhas para conscientização sobre o desperdício junto a população;
  • Orientação junto a hotéis, pousadas, restaurantes, ou seja, a indústria turística para adotar medidas que evitem o desperdício.
  • Analisar a possibilidade de reuso das águas cinza, neste caso seria de grande passo para a sustentabilidade a reciclagem da água cinza para atividades de limpeza, descarga do banheiro, etc.
  • Analise a possibilidade da utilização da água da chuva, a indústria turística poderia construí cisternas para armazenamento da água da chuva e sua utilização em limpeza, lavagem roupa, carro, descarga do banheiro, etc.
  • Preservação dos mananciais de água do município, pois a degradação desse meio ambiente pode levar inutilização dos mesmos.
  • Investimentos em coleta e tratamento de efluentes, esgotos, pois os mesmo jogados in natura em rios ou córregos impossibilita a utilização deles no sistema de abastecimento e tratamento de água.

Autor: Sergio Roberto Assis dos Santos
e-mail: sergioras@yahoo.com.br



Foto tirada em uma das residências de São José da Coroa Grande, nela é possível ver a  água bem fraca na torneira enchendo um balde após dias sem água.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Avanço do mar


O avanço do mar tem causado muitos prejuízos, desvalorizando imóveis e pondo fim ao sonho de morar a beira mar.

Os moradores passaram a conviver com a destruição causada pelas águas, mas até quando eles resistiram, pois o mar reclama mais terreno, e nessa disputa o homem já sai perdendo.

Em São José da Coroa Grande várias casas estão com a placa de vende-se, mas não encontram compradores, pois ninguém quer investir seu dinheiro e vê-lo desmoronar literalmente com o avanço do mar.




Destruição na orla da praia de São José da Coroa Grande-PE. causada pelo mar.



Destruição na orla da praia de São José da Coroa Grande-PE. causada pelo mar.

 
 Destruição na praia de Barra Grande-Maragogi-AL.



Destruição na praia de Barra Grande-Maragogi-AL.

  
 Destruição na praia de Barra Grande-Maragogi-AL.

 
 Destruição na praia de Barra Grande-Maragogi-AL.

 Casa resistindo ao avanço do mar em São José da Coroa Grande-PE, é possível observar o quanto o mar avançou, pois ao lado da casa não existia água, mas agora a casa resisti  apenas com a proteção de pedras. Fica fica a pergunta até quando ela irá resistir?

domingo, 30 de outubro de 2011

Saneamento e o turismo


        O saneamento básico é um dos principais problemas para o desenvolvimento do turismo no litoral, dificuldade no abastecimento de água, coleta e destinação do lixo e o esgoto gerado  parece não ter solução.
        O tema parece não receber a devida importância, considerando a percentagem que o setor de serviços tem no PIB desses municípios. 
                                                           Praia de  Maragogi-AL

      No município de Maragogi-A, as galerias de esgoto vão dar no mar,  na foto acima isso é bem evidente, além do mal cheiro existe o risco de saúde para o turista que procura suas praias. 

      Saneamento Básico e Turismo devem andar de mãos dadas.  Se o poder público municipal não der a devida importância o problema continuará a existir. 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

VALORIZANDO A VIDA NA ÉTICA AMBIENTAL


O ser humano tem se apropriado dos recursos naturais ao longo da história, mas depois da Revolução Industrial ele passou a consumir mais do que necessitava, passando a agir de forma predatória em relação ao meio ambiente, não satisfeito em apenas consumir o que precisa, mas explorando de forma inconsequente os recursos naturais, não se importando com a capacidade de recuperação do meio ambiente.
Diante das alterações visíveis na natureza, cresceu a preocupação com o meio ambiente. “A Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, Suécia, entre os dias 05 a 16/06/1972”, pode ser considerada como pontapé inicial na busca por mais conscientização e conservação do meio ambiente.
A sociedade moderna está fundamentada no consumo. O homem moderno para fazer parte dela precisa ser um consumidor, caso contrario é marginalizado, essa premissa tem levado a exploração nunca antes imaginada, percebe-se rapidamente que os recursos antes abundantes não são mais facilmente encontrados.
Diante desse quadro faz-se necessário uma “reflexão ética sobre o que importa para a nossa sociedade, confrontando com que realmente deveriam ser tomados como valores”. 
A ética foi introduzida nessas discussões para servir de parâmetro na relação do ser humano com o meio ambiente. Nasceu aí a ética ambiental sendo necessária, pois a “conservação da vida humana é hoje compreendida como inserida na conservação da vida de todos os seres”.    
Desde os primórdios da humanidade o homem foi estabelecido como o “centro do universo”, senhor de todos os recursos naturais, dono de tudo, por isso nunca se importou com outros habitantes do nosso planeta.  As constantes discussões vem chama-lo a refletir sobre o seu papel no mundo, não como dono da natureza, mas como parte dela. 
Diante desse quadro nasceu o termo “Ecologia Profunda”, esse movimento proposto por Arne Naes, filosofo norueguês, visa “uma ética que trata da relação do homem com a terra, os animais e as plantas que nela vivem”. Os principais pontos da Ecologia Profunda são:
  • “Harmonia com a natureza”;
  • “Toda a natureza tem valor intrínseco”;
  • “Igualdade entre diferentes espécies”;
  • "Objetivos materiais a serviço de objetivos maiores de auto-realização”;
  • “Planeta Terra tem recursos limitados”;
  • “Tecnologia apropriada e ciência não dominante”;
  • “Consumindo o necessário e reciclando”;
  • “Bioregiões e reconhecimentos das tradições das minorias”.
 Muitos autores deram suas contribuições sobre esse tema, tamanho a sua importância, Albert Schweitzer acrescentou algo mais nessa discussão: “o respeito a vida”.
A vida não pode ser analisada do ponto de vista econômico, e sim do dos princípios éticos, do humano, “sou vida que quer viver e existo em meio à vida que quer viver”. O respeito à vida deve ser o pilar dessa nossa ética.
Deixando de lado o questionamento sobre “se esta ou aquela vida é digna de solidariedade”, deve-se reconhecer que “toda ela deve ser considerada sagrada”.
Peter Singer questiona essa ética dizendo que “a ética da ecologia profunda é incapaz de solucionar os questionamentos a respeito do valor intrínseco de seres vivos individuais”, afirmando ainda, que os seres vivos “só tenham valor por serem necessários à existência do todo, e o todo talvez só tenha valor porque sustenta a existência de seres conscientes”.
Tudo está ligando um ao outro, os efeitos causados pela destruição da natureza serão sentidos de alguma forma pelo homem. Preservar o meio ambiente é um ato de valorizar a vida, não apenas dos animais e plantas, mas principalmente da vida humana.

sábado, 25 de junho de 2011

Comentários sobre o texto "Planejando o Subdesenvolvimento e a Pobreza " de Milton Santos


Milton Santos afirma que o planejamento dos países subdesenvolvidos foi direcionado a atender o interesse do Capital das grandes nações, fazendo com que as nações subdesenvolvidas conservassem sua pobreza.
Segundo J. Timbergen, “a função do planejamento é garantir, dentro da lei e da ordem, um mínimo de segurança e de estabilidade, é proteger a segurança física das pessoas e da propriedade, é promover e estimular o investimento privado.” W. A Lewis completa o pensamento afirmando que “ele constitui uma providência macroeconômica supostamente capaz de criar um clima de confiança entre os investidores”.
                Os itens “segurança, confiança, como também, estímulo ao investimento privado” constantes como termos essenciais para um bom planejamento deveriam ser patrocinados com o “auxílio do Tesouro Publico”.
O estado deveria adotar uma postura de investimento para se alcançar o desenvolvimento tão almejado, mas Milton Santos crítica esse pensamento afirmando que as justificativas utilizadas pelos gestores para concessão de empréstimos a iniciativa privada, significam tão somente a “transferência da poupança dos mais pobres para o bolso dos mais ricos”, já que os recursos dos empréstimos são oriundos dos impostos cobrados da população.
O Neocolonialismo começou a ser implantado nas economias menos desenvolvidas. O domínio armado deu lugar ao domínio ideológico, econômico, subjugando silenciosamente os países mais pobres.
Para alcançar seus objetivos as nações mais pobres foram levadas a crê que deveriam buscar o desenvolvimento, seguindo as orientações dos organismos internacionais, com investimentos em infra-estruturar etc., “foi a época dos grandes projetos com ampla exibição de capital”, dinheiro esse obtido através de empréstimos das nações ricas, e cada vez mais empréstimos foram contraídos resultando num “endividamento permanente e cumulativo”.
Segundo Milton Santos “o planejamento tem tido um papel a desempenhar neste processo. Ele é um desses conceitos-chave criados pelo sistema capitalista como meio de impor por toda parte o capital internacionalizado”.
Observamos nitidamente essa influencia nos mercados comuns, união aduaneira com políticas comuns de regulamentação de produtos e com liberação de circulação de todos os três fatores de produção: terra, capital e trabalho, neles as “barreiras alfandegárias têm sido abolidas ou afrouxadas”. O livre comércio tem sido promovido entre os países com a justificativa de prosperidade para todos, mas não é bem isso que se observa, “o que foi realmente promovido foi o estabelecimento de empresas transnacionais, quando as estatísticas mostram a expansão do comércio inter-regional elas de fato dizem respeito ao comércio entre firmas transnacionais para as quais vão os lucros dessas transações”.
 Os verdadeiros interesses foram colocados de forma oculta, “vem para enganar e disfarçar as reais causas e tendências do planejamento do falso progresso geral e econômico, onde são muitos das vezes, os gestores, isto é, os representantes do Estado que atuam como os principais agentes maquiadores e propagadores de pobrezas,”
“A ciência regional e o planejamento eventualmente se fundiram”. “Umas das funções atribuídas ao planejamento regional é a de racionalizar a estrutura interna de dominação e dependência, a fim de ajustá-las aos interesses do sistema.”
O processo de urbanização ao mesmo tempo representa um resultado e condição do processo de difusão do capital. “A população que lota estas cidades em rápido crescimento constitui mão-de-obra barata e, por sua mera presença, garante o estabelecimento de um estoque de capital fixo”.

O Planejamento Hoje: Do Uso da Força ao Estratagema

“Distinguimos três fases sucessivas. A primeira foi a penetração pela força. Como no caso das outras duas, a penetração começou com a ideologia. Mas em cada uma dessas três fases podemos encontrar elementos de ideologia e de força combinados. O que realmente ocorre nas três fases é um processo de penetração planejado.”
“A segunda fase é marcada pelo desenvolvimento de monopólios na sua forma transnacional, sendo tanto uma conseqüência com uma causa do aumento da concentração de capital. O sistema capitalista é bem sucedido em estabelecer uma maquinaria eficiente para coleta de excedentes, não mais baseada na produção apenas, como na primeira fase, mas também no consumo. Quando os pobres perceberam que tinham sido enganados em suas esperanças e que eram realmente os malditos da terra, o sistema teve que encontrar algo de novo a fim de se manter e continuar prosperando.”
“A terceira fase, ao contrario das outras duas, espalha-se através de todo o Terceiro Mundo. De ora em diante, dever-se-á dar aos pobres a impressão, e não somente a esperança, de que estão emergindo da pobreza. A pobreza não será eliminada, apenas mascarada. Esta nova fase no processo de modernização capitalista conduzirá a uma nova forma de pobreza, a pobreza planejada.”